5 meses**
Como é que já se passaram 5 meses? 5 meses!!!
Há cinco meses atrás, despedia-me de ti com um beijo e um "até já mor"... o Gonçalo dava-te o habitual beijo repenicado e fazia-te aquele miminho na cara... e lá o levava para a creche! Estavas mais fraco, senti que algo não estaria nada bem nesse dia, ainda perguntei à A. se podia sair para levar o menino a escolinha, ela acenou afirmativamente...
Deixaste-nos sair para partir, sem nós... sem que estivéssemos em casa! Durante algum tempo, culpei-me por não estar lá, questionei-me muitas vezes "porque é que não demorei mais tempo a sair de casa?", "Porque é que não foi comigo?"
Talvez tenha sido assim, porque não querias que estivéssemos em casa, não queria que te víssemos partir... não sei! Nunca saberei! Sei que saí angustiada {sempre que me ausentava de casa, ficava angustiada... exatamente por ter medo disso}, que liguei para a minha mãe para ir para minha casa, para estar conosco, que sentia que não era um dia bom... e foi nesta chamada que percebi que, o que temia, tinha acontecido... ninguém dizia nada em concreto... ninguém me queria dizer o óbvio... foram os 15 quilómetros mais longos da minha vida... quando cheguei...
Despedi-me de ti como se fosse um dia "normal" e, talvez por isso, tenha encarado a tua partida como uma ausência física, mas não espiritual... dói quando me "cai a ficha" e afinal tudo o que aconteceu foi verdade... dói sentir que a nossa "vida a três", nunca mais será a mesma... por isso, refugio-me numa espécie de bolha, em que continuo a falar contigo, a desabafar, a resmungar... como se estivesses ao meu lado!
Ainda esta noite sonhei contigo... Sonhei que a nossa mesa da sala estava repleta das tuas tralhas - computador, capas, folhas - aquelas tralhas que me chateavam, porque a sala parecia estar sempre desarrumada... e sabes que mais? Virei-me para ti e disse: "Ó mor, que saudades de ter a mesa da sala neste estado!" Parecia que tinhas viajado e tinha estado ausente uns tempos, mas tinhas voltado...
Dizem que os sonhos refletem o nosso inconsciente, e o meu mantém-te vivo, presente... porque é muito complicado acreditar que seja um "para sempre"!
Há dias em que apetece-me mandar tudo às urtigas... há dias que me culpo por estar a viver e tu não, por estar a desfrutar do nosso filho e tu não, de estar a saborear a vida e tu não, de estar a sorrir... enfim, de estar a continuar... sem ti!
Faz hoje 5 meses sem ti {logo nós que nunca estivemos muito tempo longe um do outro}... mas, onde quer que estejas, nunca duvides do amor louco que tenho por ti! Foste, és e serás sempre o amor da minha vida!
P.S: Amo-te!
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