O que é isso de "ser normal"?

Tenho pensado muito nisso, no "ser normal". No que significa, verdadeiramente, "ser normal". Quererá dizer que temos TODOS de seguir um padrão comportamental que a sociedade espera de nós? Significará que temos de agir de forma a que sejamos aceites pelos outros? 

É curioso como muitas vezes deixamos de fazer algo, de dizer algo porque temos receio das represálias sociais que poderão surgir desse comportamento ou de algum comentário. Anulamo-nos perante os outros para "não parecer mal". E, aos poucos, vamos sufocando no nosso próprio corpo. 

O olhar dos outros é tramado. Aquele olhar reprovador. Aquele olhar "ui, este comportamento não é normal!".

Mas afinal o que é "ser normal?"

Confesso que paro para pensar nisso. É bom pararmos para pensar. Dá-nos outra visão das coisas. Mas, como dizia, por mais que pense nisso, chego à conclusão que não há resposta. Cada pessoa é um ser individual, que age de acordo com as suas vivências, com os seus desejos, com as suas capacidades que lhes são inatas. 

"Ser normal" é simplesmente sermos nós. Não existe uma lei que diga que tenhamos de ser assim ou assado. Temos as regras sociais que temos de respeitar, obviamente, mas dentro do universo da vida pessoal, do ser individual, não existe uma "regra" que define que tenhamos de pensar/agir todos da mesma maneira.

No meu processo de luto fui verificando isso. Cada pessoa faz o luto à sua maneira. Vive a dor de forma individual. E esta dor não é mais, nem menos do que a da outra pessoa. Simplesmente é dela. Há quem não queira sair de casa, quem só queira sair de casa. Há quem chore por tudo e por nada, outros que aguentam as lágrimas. Nenhum comportamento faz do outro melhor ou pior pessoa. Cada um vive as emoções à sua maneira.

No universo da maternidade acontece o mesmo. Há uma pressão nisso do "ser normal". 

Basta começarmos pelos registos médicos, que servem para "padronizar" o crescimento dos nossos filhos. "Já anda?", "Já largou as fraldas?", "E a chucha?", "Já dorme na cama dele?" e, ai de nós ter a ousadia de dizer que "ainda não". Somos logo fulminados com aquele olhar. Ui, aquele olhar. Aquele que nos faz sentir pequeninos, que nos deixa aquele amargo sabor de falhanço. "Bolas, o miúdo tem quase 4 anos e ainda tem fralda!!!". Pronto, lá vem a fatídica frase: "Hum, isso não é normal!".

E pronto a partir daí é começar a olhar para as coisas com aquele olhar clínico. É questionar tuuuudddooo o que o miúdo faz ou não faz. "Ui, fez uma mega birra?!", "Hum....", "Ou será antes uma crise?", "É melhor ver isso...." NÃO É NORMAL!!

O normal não existe. É importante termos noção disso. Há, e haverá, inúmeras situações que podem desencadear uma birra, um grito, um choro que não obrigatoriamente um problema. Principalmente, nas crianças.

Ser normal é ser original. É ser único. É sermos nós com as nossas qualidades e defeitos. É tudo uma questão de perspetiva. 

Vivemos num mundo em que somos exageradamente críticos. Principalmente com os outros, quando o essencial é acima de tudo, ser-se feliz. Esta sim, é {ou deveria de ser} a maior normalidade da vida. O resto? O resto é conversa!

Já dizia o Prof. Hermogenes:

                  "Deus me livre ser normal!"


Comentários

Anónimo disse…
Nem mais... Concordo, completamente. Posso dizer que a maior parte das vezes me sinto a anormal por ser fiel a mim mesma, aos meus sentimentos,ao que me faz feliz. Felizmente, quase todos os meus mais próximos me entendem e só querem a minha felicidade e dos meus. Mas lido muito com o "não é normal". Mas eu já não sou normal. Mas a minha anormalidade permite me amar os meus filhos de corpo e alma. Ser eu própria e ser feliz...Andreia
Josiana Leal disse…
É mesmo isso, Andreia ❤

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