AQUELA Saudade
Há dias, acordei de mãos dadas com AQUELA saudade.
Não me refiro à saudade que tenho como segunda pele. A que me
acompanha todos os dias. A que aprendi a aceitar e a tratar com carinho.
Refiro AQUELA saudade que dói. Aquela que é visceral, que
custa a respirar.
Esta acordou comigo e acompanhou-me pela manhã fora. Era gritante
a saudade que sentia naquele momento. O toque. O abraço. O sorriso. O beijo. A
presença. O companheirismo.
Com já me conheço o suficiente. Aceitei aquele sentimento.
Respeitei-me e vivi aquela emoção, sem me deixar afundar nela.
Tenho aprendido, ao longo desses anos, que quanto mais luto contra
o que sinto, pior fico. Por isso, aceitei. Ok, estou com imensas saudades do Jorge.
E está tudo bem. Faz parte. Terei outros momentos igualmente intenso pela vida
fora.
Percebi que, provavelmente, o gatilho terá sido a música dos
Muse, que ouvi e que me levou a recordar momentos fabulosos do nosso primeiro
concerto juntos, no Rock in Rio. Provavelmente, esse foi o gatilho. Ou não. E
tanto faz.
Senti AQUELA saudade! E só quem perde quem ama sabe de que
saudade eu falo.
Todo o trabalho interior que tenho feito, ajudou-me a ter
mais calma e discernimento nesse momento. E, sobretudo, ajudou-me a não me
deixar levar pelo caminho que já conheço e que não me faz bem. Por isso, o
primeiro passo foi aceitar o que sentia. Ser meiga e paciente comigo. Perceber
o que estava a sentir. E encarar a vida.
Nessas situações, opto por fazer algo pratico, físico. Fui
30 minutos para a passadeira, tomei um bom banho, make up e fiquei bem melhor.
A saudade foi embora? Claro que não, mas consegui encarar
esse momento de forma mais bondosa para comigo. Coisa que não fazia há uns
meses. E ficava ali a remoer, e a ansiedade via ali um terreno fértil para plantar
mais uma sementinha… e o resto só eu sei!
Por isso, o meu humilde conselho, nessas alturas, é: “Sejam
pacientes convosco. Respeitem as vossas emoções. Não lutem contra elas. Vai
passar.”
Espero que a minha partilha possa ter ajudado alguém que esteja
a passar por momentos menos bons. E que possa ver que, há sempre dois caminhos.
Nós é que o escolhemos.
Ou deixamo-nos levar pela saudade. Ou aceitamos que ela
existe (e que dói muito), mas que podemos viver com ela de forma saudável.
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